Editorial
Redação Jornal Novo Tempo
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Vai pagar em dinheiro, cheque ou cartão?
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Esta é a pergunta típica dirigida ao consumidor pelo balconista na hora do pagamento de uma compra. Esses cartões sejam de débito, de crédito, de conta salário ou de bolsas assistenciais, fazem parte da rotina dos brasileiros. Exceto cartão corporativo, cujas despesas são pagas com dinheiro público.
O escândalo dos cartões é a mais nova latente prova de desrespeito ao povo por parte do governo, visto que cada contribuinte demanda praticamente a metade de um ano de trabalho no pagamento de tributos, ou melhor, “cumpre o seu papel de cidadão” junto ao poder público. Vamos aos fatos. O jornal “O Estado de São Paulo” divulgou uma lista com os funcionários responsáveis pelas despesas do gabinete da Presidência. A conta do gabinete em 2007, paga com cartões corporativos, é de R$ 3,6 milhões. Os três nomes do governo que encabeçam a lista gastaram mais de R$ 1,5 milhão. Nesse embaraço todo, entrou a ex-ministra da Igualdade Racial Matilde Ribeiro, cuja conta com o cartão é de quase R$ 300 mil. Ela pediu demissão do cargo após a constatação das irregularidades, mas será que ela pagou a conta?
O site de “O Estado de São Paulo” informou que o “dinheiro de plástico”, ou seja, o cartão pagou contas em uma loja da Feira do Paraguai, em Brasília. Um funcionário do Ministério das Comunicações pagou uma conta da reforma de uma mesa de sinuca no valor de R$ 1.4 mil com o “famoso cartão”. O Ministro Hélio Costa decidiu abrir um processo administrativo contra o funcionário. E a conta?
Foram divulgadas informações sobre notas fiscais emitidas entre os anos 2002 e 2005 que se referem à locação de carros blindados para servir a José Dirceu de Oliveira e Silva. Ele mesmo, o Zé Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do Governo Lula. Uma das notas é superior a R$ 4 mil e diz respeito ao aluguel de dois carros para servir o então ministro durante um fim de semana em abril de 2004. É arriscado afirmar, mas acredito que boa parte desse montante seja saldada com uma quantia da carga tributária que onera o trabalhador. Esse cartão foi criado para facilitar a prestação de contas e aumentar a transparência de gastos dos servidores públicos. É pena que o cartão tenha sido destinado a pessoas inescrupulosas, em sua maioria servidores do primeiro escalão do governo.
O Senador Romero Jucá fez um requerimento para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Aí começa a velha dança de siglas, muito familiar dos brasileiros: CPI, PT, CPMF, IOF, PQP... Como é de costume, sem ser pessimista, tudo pode acabar em uma enorme pizza e alguém perguntará ao brasileiro: “vai pagar com cartão”.